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domingo, 30 de agosto de 2009

De que lado você está?

“Que diferença faz o que você tem? O que você não tem é muito mais.” Essa é uma frase de Sêneca, um filósofo romano, nascido em Córdoba pouco antes de Cristo. Casualmente folheava uma revista de “nacionalistas inconformados” e encontrei esse pensamento entre um meio fútil, consumista e capitalista ao extremo. Achei ideal para o ambiente em que ele se encontrava. Não há uma só página que não seduza nossos olhos com tanto luxo, riqueza, prazer e vaidade. Uma sociedade enxuta pelo falso poder que adquirem com o cifrão que rege suas vidas. Pessoas que são avaliadas pelo que elas possuem de maneira palpável e que de alguma forma vai fazer com que elas se sintam melhores em todos os sentidos. A Era em que vivemos movimenta uma disputa difícil e acirrada entre os homens: TER x SER. Há tempos foi dada a largada. De que lado você está?

Comecei a perceber como nós priorizamos coisas dispensáveis. Absolutamente. Acho que na verdade é que até as julgamos importante, mas como o homem não sabe julgar, se perde em seus anseios e possibilidades. Se um dia entendermos que podemos viver com o suficiente, a desigualdade entre as pessoas não será mais vista como um discurso político. Já não se fala mais em desigualdade como antes. Tornou-se algo igual. Infelizmente. Ninguém gosta do suficiente. Nunca é o bastante. Nós estamos passando por uma severa globalização pós-industrial. O fato do homem está constantemente adequando-se a essas mudanças, que exigem novas abordagens, novos conceitos, nos pede que acreditemos numa transformação de mente, um reposicionamento no tempo em que vivemos. Mudança de valores implica em muito mais do que uma simples conversa ou uma palestra motivadora. É questão de tempo dedicado à pessoas e investir em pessoas, de maneira intencional e relevante, é hoje um grande desafio. Pensar em consumismo nos transporta a uma dimensão muito real, onde o que você possui representa aquilo que você é. Isso não é bom, mas é um fato.

Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, na maioria das vezes, sem consciência. A diferença entre o consumo e o consumismo é que no consumo as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para sobrevivência. Já no consumismo a pessoa gasta tudo aquilo que tem em produtos supérfluos, que muitas vezes não é o melhor nem o que ela precisa, porém é o que ela tem curiosidade de experimentar. A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados. Além disso, trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com o meio ambiente. Eis aí minha disposição em promover sustentabilidade. A Revolução Industrial do século XVIII transformou de forma sistemática a capacidade humana de modificar a natureza, o aumento vertiginoso da produção e por conseqüência da produtividade, barateou os produtos e os processos de produção, com isso milhares de pessoas puderam comprar produtos antes restritos às classes mais ricas, e olha que nem incluí a máfia da “pirataria”.

A sociedade capitalista da atualidade é marcada por uma necessidade intensa de consumo. O que gera em mim uma falta de expectativa de que o ser humano entenda o seu verdadeiro valor, é exatamente a influência que tudo isso tem tido sobre a vida dos jovens, principalmente. E isso independe da classe social em que ele vive. Hoje, vale muito mais a roupa que ele veste, o tênis que ele usa e os lugares que ele freqüenta do que os ideais que o sustenta. O valor do homem deve se firmar naquilo que ele é, não nas coisas que ele tem. Sinto que a cada dia que passa, o sistema capitalista tem conseguido promover mais o lado negativo do que qualquer positivismo que ele possa apresentar. Vale a pena refletir sobre em que estamos construindo nossas vidas e quais os legados que vamos deixar para as gerações futuras. Mesmo com toda pressão que o mundo tem exercido sobre nós, somos capazes de equilibrar e pensar num “todo”, de maneira consciente e justa. Se agirmos com indiferença, seremos apenas um acréscimo no imenso coral da humanidade. Sei que o mundo não vai mudar da noite para o dia, mas querer ser parte dessa transformação, é um começo. Albert Einstein disse uma frase que levo comigo por onde vou: “Uma mente que se abre a uma nova idéia, jamais retorna ao seu tamanho original.” Abra a sua mente e faça a escolha certa. Você é responsável pelo mundo em que vive. Afinal, onde está firmado o seu valor? Nas coisas que você tem ou naquilo que você é? Pense nisso!


Paz e Bem...
Aline Moreira.

Converse com Aline: aline.rodriguez@hotmail.com

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