Por Aline Moreira
Quem descobriu o Brasil é o tipo de coisa que ninguém esquece. Na pressa, talvez alguém já tenha dito Pedro Álvares Colombo, mas logo trocou por Cabral. Li um livro chamado 1808 do jornalista e escritor Laurentino Gomes. Foi uma leitura lenta de 414 páginas, divertida e repleta de informações que deveriam fazer parte do conhecimento de todos os brasileiros. Nos mínimos detalhes, Laurentino traduz em palavras a saga de “uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta” que enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. O livro me ajudou a entender coisas que, até então, não sabia o motivo nem de onde vinham suas raízes. Olhar agora para o Rio de Janeiro esclarece a razão de um sistema falido, decadente e uma sociedade corrupta, onde viver em busca dos próprios prazeres é mais importante do que se sujeitar ao exercício de uma cidadania honesta e tão sonhada desde que o Brasil se entende por nação, não deixando de reconhecer, é claro, inúmeros benefícios que também plantaram por aqui. Do ano de 1808 até 1822, onde às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, D. Pedro proclamou a independência do Brasil, a família real viveu em nosso país e trouxe grandes mudanças, deixando ao mesmo tempo marcas muito profundas e negativas que até hoje não conseguimos nos livrar. Dentre toda exaltação e fracassos, extraí dessa história fatos surpreendentes que nos mostram como a presença dessa família influenciou no comportamento e estilo de vida dos brasileiros, principalmente os da cidade do Rio de Janeiro, lugar onde eles passaram a maior parte do tempo.
Quem imagina que D. João VI não gostava de tomar banho? A idéia que fazemos de realeza é impecável, por isso a surpresa. Repetia a mesma roupa todos os dias mesmo que estivesse suja e rasgada, tinha medo de trovões e era extrememente sedentário. Carregava pedaços de frango nos bolsos para comer nos intervalos de suas refeições. Os seus escravos tinham que esperá-lo dormir para costurar os rasgados das suas vestes em seu próprio corpo. Já Carlota Joaquina, sua esposa com quem teve nove filhos, detestava o Brasil. Sob ameaças, exigia que as pessoas lhe prestassem homenagem quando saía pelas ruas do Rio. Durante a vinda de Portugal, ela e outras mulheres, incluindo suas filhas foram infestadas por piolhos que tomaram conta da embarcação. Tiveram que lançar suas perucas ao mar e raspar as cabeças. Ao chegar ao Rio, as “cariocas” da época acharam que era moda européia andar careca e logo cuidaram de raspar suas cabeças também. Mas o Brasil de D. João VI não se resume somente à graçolas. Laurentino mostra que a fuga da família real para o Rio de Janeiro ocorreu num dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do mundo. Guerras Napoleônicas, revoluções republicanas e grande escravidão marcaram o início de uma nova era. O Brasil passa agora a estar de portas abertas para o mundo. Desde então, passamos a ser marcados e influenciados por tudo e todos que vinham de outros países. Éramos uma nação!
É interessante pensar nessa (re)evolução até os dias de hoje. Estamos a um passo de entrar na 1ª década do 2º milênio e somos diariamente sufocados pelas mudanças que acontecem a cada instante. Quem não estiver conectado, fica para trás. As horas parecem estar passando mais depressa e as crianças estão mais espertas. Tudo mudou! Uma das coisas que ainda permanecem é a questão da moda e como ela é capaz de “moldar” as pessoas. Lembra da cabeça raspada? É por aí. Eu, por exemplo, posso dizer que segui algumas tendências das quais hoje me lembro e só faço rir. Quando criança gostava do desenho “Cavaleiros do Zodíaco”. Lembro de usar uma blusa com estampas do desenho, saia jeans, colete jeans e tênis que, quando pisado, acendia uma luzinha vermelha.Quem não teve um desses? Era o máximo! Quem não se lembra da mochila de bichinhos de pelúcia? Eu tinha uma que era um cachorro, dentre muitas outras modas. A década de 90 começou com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, sendo esses adventos seguidos pela globalização e capitalismo global. Vários países acenavam para a democracia, surgia uma nova moeda e um novo modelo econômico se instalava. O desemprego, as taxas de pobreza e as denúncias de corrupção eram (e, infelizmente, ainda são) constantes. Fatos marcantes para a década foram a Guerra do Golfo e a popularização do computador pessoal e da Internet. Tudo começa a ficar mais fácil, acessível e livre. As mudanças foram radicais e rápidas e niguém quer mais esperar. Quando se consegue dinheiro para comprar um MP4, acabaram de lançar o MP16- Tele/Ultra/Megatransport. Calma! Esse ainda não foi lançado. Mas não deve estar muito longe. Estamos evoluindo! O Brasil hoje faz parte do BRIC (um acrônimo criado em novembro de 2001, pelo economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, para designar, no relatório "Building Better Global Economic Brics", os quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China). Estima-se que em 2050 o Brasil ficaria em 4º lugar no ranking das maiores economias do mundo e seria o suficiente para alimentar 40% da população mundial. São apenas estatísticas.
Agora você consegue imaginar o que estaremos usando em 2050? Como será o mundo e a moda daqui a 40 anos? Estimule a sua imaginação! As minhas não caberiam aqui!
Paz e Bem.
Aline Moreira.
(Texto - Jornal RJ.)
Um comentário:
super legal aline voçe tem o don
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