Nos últimos tempos eu passei por momentos muito difíceis com Deus. Isso em particular, é claro. Eu sempre me privei bastante de certas coisas por achar que de alguma forma, eu estaria assim, criando uma barreira de defesa para que eu não me machucasse outra vez, não sofresse mais e pudesse encontrar nas minhas próprias forças, o bastante para superar o que passou e o que viria. E sim, tentei mesmo ser forte o bastante. Com o tempo, eu percebi que essa "barreira" não me privava apenas de possíveis "acidentes", mas principalmente do relacionamento com Deus, já que no meu inconsciente, eu destinava a Ele a culpa de tudo que havia me acontecido e que de alguma forma me fazia sentir muito mal. Pensar em declarar isso aqui em meu blog não é algo animador, pois a idéia de se ter, em alguns momentos da nossa vida, uma relação artificial com Deus, quando todos pensam o contrário, é verdadeiramente uma realidade muito triste.
Durante alguns poucos anos, porque eu só tenho 22, eu construí coisas fantásticas ao lado de Deus e vivenciei instantes em que Ele realmente se manifestava através da minha vida. Eu podia sentí-Lo e podia fazer isso com as pessoas também. Tenho convicção disso. Por escolhas e destino, se é que posso dizer assim, tive a oportunidade de conhecer e viver o evangelho numa profundidade a qual nunca antes havia mergulhado. Às vezes viver na superfície é muito mais conveniente do que o risco de perdas e renúncias. Essa oportunidade fez de mim um ser fascinado pela Verdade, independente de vivê-la ou não. A minha paixão por descobrir o que existe além de "quatro paredes" se tornou contagiante e a partir disso eu comecei a criar uma enorme expectativa nas pessoas. De uma forma ou de outra, haviam os que acreditavam em mim.
Houveram momentos, acreditem, que Deus era tão suficiente pra mim que nada mais importava a ponto de ser mais do que confiar Nele. Eu comecei num longo processo de compreender a Graça e de vivê-la absolutamente. Era um objetivo. Era um caso de amor. E eu busquei isso me doando da maneira que eu acreditava poder chegar onde queria. Eu confessava Jesus Cristo através da minha vida. Através das minhas palavras, minha música, meu comportamento, minhas atitudes, minhas decisões... Eu realmente acreditava nisso. Percebia que todas as vezes em que eu tentava me desviar do foco de tornar Deus e Sua obra meus principais objetivos, a frustração era minha aliada. E eu tentei isso por diversas vezes, afinal algumas escolhas fazem com que nos tornemos incompreendidos e, sinceramente, não é algo muito agradável.
Descobri que a minha necessidade de ser amada por todos, me tornava completamente amável a ponto de ter que sacrificar algumas opiniões para não ser desagradável. O medo de "não ser amada", assim me disse uma amiga certa vez. É verdade que isso me prejudicou algumas vezes, mas aprendi que nem sempre o sim é a melhor resposta. Quando penso no que eu fiz até hoje, eu percebo que eu fiz muito pelos outros. Por alguém, por pessoas, pela família, pela congregação... E então, na minha cabeça, eu estava ficando sempre parta segundo plano. O que eu não conseguia entender era que tudo que eu fazia, refletia em mim e para mim. Tudo que eu fazia me completava. Porque tudo que eu fazia, tinha a mão de Deus e e claro que isso tinha um significado muito especial. Só que diante da minha armadura de gladiadora-super-mulher-maravilha-eu-tenho-a-força, cedi ao medo. Cedi ao medo porque eu confiava demais e não sabia onde isso ia dar. E se não der? E se não acontecer? E se o tempo passar? E se, e se, e se...? Mas eu era tão forte e podia suportar. Não, não podia! Aí o medo instiga a fuga e eu realmente queria que o mundo desaparecesse do mapa. Isso pode? Bem, eu queria e decidi dar adeus à tudo isso. Quer saber...
"Vou-me embora pra Pasárgada, Aqui eu não sou feliz, Lá a existência é uma aventura, De tal modo inconseqüente... E como farei ginástica, Andarei de bicicleta, Montarei em burro brabo, Subirei no pau-de-sebo, Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado, Deito na beira do rio... Em Pasárgada tem tudo, É outra civilização... E quando eu estiver mais triste, Mas triste de não ter jeito, Quando de noite me der, Vontade de me matar, Lá sou amigo do rei..." (Manoel Bandeira)
E fui, com a minha poesia de vida, com a sede de um horizonte novo, com a fé esmorecida, com a tristeza da partida, e esperança de um renovo. Afinal, deixar tudo num mundo e partir pra outro significa a oportunidade de recomeçar. E se Deus estivesse ali, seria bom... Se não, tudo bem, eu sou forte assim! Comecei a vida tentando um incrível processo de esquecimento. Me afoguei num trabalho vazio, mas ganhei dinheiro. Comprei uma geladeira. Minha primeira geladeira. Adorei, até então. Gastei no Mc'Donalds, fui à praia sozinha e nunca frequentei tanto o mercado como o fiz. Era um hobby gostoso de se ter! Conheci pessoas, fiz amigos e desfiz amigos. Aprendi que nada é pra sempre, desde que se faça eterno, mas descobri meus amigos verdadeiros: O moço das lâmpadas, o garoto do banner, a mulher da casa da madame e Papai. Esses, mesmo distantes, sempre estiveram bem perto. Dormia numa cama de casal só pra mim, mas nunca bagunçava os dois lados. Isso chama-se: disciplina por viver a vida inteira num pequeno espaço. Dessa vez eu não me apaixonei por ninguém, menos mal. Comprei livros e devorei alguns num breve espaço de tempo e nesse breve espaço de tempo eu descobri que eu não nasci pra ser sozinha e que mesmo que eu não quisesse, porque estava decidida a não querer mais, eu ainda contagiava as pessoas com algo que havia em mim. Coisa que naturalmente acontecia sem nenhum esforço da minha parte... Foi aí que eu percebi que mais forte que minha força, era a força que habitava na minha vida. Percebi e fiquei na minha, pois eu sabia que a qualquer manisfestação da minha parte em relação à Ela, tudo que eu estava fazendo poderia ir por àgua abaixo e eu não estava nada, nada disposta a ter que renunciar mais uma vez os meus objetivos. Afinal de contas, eu estava mobilizando pessoas, determinando um novo "foco" para minha vida, descobrindo outras alegrias pra se viver... Só que então eu vi que algumas coisas não faziam nenhum sentido. Só que então eu vi que nada estava fazendo sentido. Me peguei dando voltas em um círculo e estacionando sempre no mesmo lugar. Então eu percebi também que nada do que eu continuasse a fazer, teria sentido algum porque o próprio fato de eu estar ali não havia menor sentido. Decidi retornar, já que nesse empreitada a qual chamamos de vida, eu abomino a possibilidade de uma obra mal alicerçada. Amei alguns instante que vivi ali, mas retornar para mim significa estar no centro da vontade de Deus e isso sempre foi um grande um conflito que gerava um imenso confronto entre eu e Deus. O que é o "centro da sua vontade?" O que é a verdade? O que é a graça? Minhas questões em pauta, hoje e sempre!
Eu nunca mais, nunca, nunca, nunca, nunca, nunca fui ( ou serei) a mesma pessoa depois que aceitei e decidi conhecer mais à Deus e fazê-Lo conhecido. Essa aproximação determinou quem eu seria a partir do momento em que tudo isso começou, agrade gregos e troianos ou não, haja espinho na carne ou não, sofra com o passado ou não, definitivamente, A BOA OBRA QUE ELE COMEÇOU, ELE QUER TERMINAR! Aceitar isso em minha vida e assumir a minha necessidade de Deus e de cumprir com o Seu propósito, implica em retornar para o local de onde eu parei e recomeçar a partir do que Ele deseja. Eu carrego minhas dores e sei que o mundo não vai parar por causa delas, mas também sei que Deus não me prometeu um mar de rosas. Eu escolhi por Cristo e tenho que (haja o que houver) estar disposta a pagar um preço por isso. Eu acredito em Deus e sei que Ele, creiam nisso, ainda acredita em mim. O amor que nos une é grande demais para ser guardado só pra nó dois. Ide e multiplicaivos... Por isso que: "...Em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria o meu chamado, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus".(Atos 20:24)
- Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes. -C.S.Lewis-
Eu só queria dizer...
Aline.
2 comentários:
Olá Aline,
Quero ser a primeira a comentar, pois é muito legal fazer parte desta história, ler você e lembrar de tantas descobertas e dos poucos mais marcantes momentos que tivemos juntas neste processo de mudança e de novidades.
Continue vivendo e desfrutando desta amizade tão linda com o Pai, isso é o mais importante - Ef 2.10 - Você é esta obra linda que o Pai está trabalhando, ele não terminou ainda e esta beleza é para ser desfrutada com outros em boas obras.
Estou com saudades e espero sua visita!
Beijos com amor,
Marcilene
Como disse uma vez leio bastante seu blog, mas jamais o comentei, vc sabe! Porém desde que vc foi embora senti a necessidade de saber o porquê?...Nãs simplesmente a opinião dos outrosa ou a minha conclusão...mas queria ouvir ou ler de vc, entende?
A sua partida me angustiou demais, ao mesmo tempo que me senti rejeitada por sua amizade, também me sentia responsável , caso vc estivesse sofrendo...Pensei que foi até um ato "egoísta" de sua parte dar adeus a alguem que há uns dias e meses atras parecia ser tão intima como éramos nós duas..., mas entendi que eu estava sendo egoísta também em não te permitir voar...Sempre me identifiquei com vc, apesar de muitas vezes não te entender, mas simplesmente te amava...Ficava lembrando de nossas conversas no shopping, na pizzaria, lá em casa...Enfim...Mas no fundo não teve jeito, vc foi...e tive que respeitar esta decisão!!! Agora vc voltou e tá tudo tão estranho...não sei como chegar , porque estou tentando entender pq vc foi...Mas coisa eu fico feliz e talvez é o maior motivo por estar me expondo e escrevendo, estou muito feliz em vc ter encontrado em Deus a resposta! Isso é tudo!!! Isso é vida!!! Isso muito me alegra!!! Amiga, querida, se ainda posso chamá-la assim, graças a Deus, temos o tempo, Deus usa ele para curar e restaurar e no tempo certo vamos viver um novo TEMPO, junats outra vez, mesmo que por um so momento!!!
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