Um dos maiores prêmios do fotojornalismo contamporâneo acaba de ser dado a um trabalho desconcertante: o retrato de uma jovem afegã que teve o nariz e as orelhas cortados pelo marido. A fotografia assinada pela sul-africana Jodi Bieber e publicada na capa da Time em agosto do ano passado venceu o Word Press Photo. Ousada e agressiva, comovente e revoltante, a imagem correu o mundo por conta da sua contundência e pelo impressionante alcance da publicação que a estampou nas bancas. Mas porque o jornalismo recorre a um expediente desses ainda hoje? Afinal, para que serve uma foto dessas?
Ps.: Sim. A Revista Time gosta muito de fotografias que explorem a dor alheia. Sim. pelo que parece, Jodi também. Não. Ela não é mãe do Justin.
Amora.
Amora.
2 comentários:
Algo a se mencionar ainda é o argumento nas entrelinhas dessa matéria de capa. A pergunta retórica "o que acontece se nós deixarmos o Afeganistão?" parece inocente, mas é o fim da picada em termos de falsa argumentação. Como se a América fosse de fato "a" civilização e estivesse encarregada sabe-se lá por quem (talvez por Deus?) a acabar com a barbárie no oriente médio.
Assim como a nossa Veja, a Time subestima seus leitores, acreditando que não conhecemos o processo histórico ou sequer somos capazes de lembrar de atos bárbaros perpetrados por esta mesma civilização. Ou será que o Vietnã, Hiroshima ou mesmo Guantánamo não passam de fantasias comunistas?
Ou ainda: há graus de civilização e barbárie? Quem é mais canalha? O marido que decepa o nariz da esposa, ou uma nação yuppie que age de acordo com a conveniência?
Abraços.
É. O nariz dela está bonito outra vez. Os americanos, certamente, o consertarm. Claro!
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