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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


"Tolerância é a paciência concentrada."
-Thomas Carlyle-

Paz e bem.
Aline.

Eu sou a Paz

"A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego.
Pois paz sem voz, não é paz, é medo.
Às vezes eu falo com a vida,
Às vezes é ela quem diz:
'Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?'"
(O Rappa)

Durante os quatro dias de carnaval estive com a Jocum pelas ruas do Rio de Janeiro, participando de mais um impacto realizado pela Ong. Este ano o tema foi "Eu sou a Paz - Porque a sua alegria pode durar o ano todo." Falar de paz para mim sempre pareceu algo bem simples, mas dessa vez eu vi que viver a paz implica mais num estilo de vida do que num discurso que já cansou. Os dias me fizeram entender que eu, como promotora e defensora convicta disso, requer de mim um senso de responsabilidade nunca antes vivido, mesmo buscando conhecer à Deus e a "andar como Ele andou".

Quando deparei com idéia central do evento, confesso que achei difícil um primeiro contato com as pessoas que iria encontrar nas ruas. Pensei que, certo ou errado, muitos já teriam um conceito de paz bem estabelecido e apresentar uma nova proposta tornou-se para mim um grande desafio. É verdade que deparar com um cenário violento e decadente como o do Rio, poderia nos confortar, de certo modo, em pensar em levantar uma "bandeirinha branca" para consolar a massa de corações aflitos e sem esperança, mas o carioca tem andado tão neutralizado que ele seria capaz de tratar esse assunto com frieza e até desdenhar sem um pingo de respeito. O que acontece é que muitos, senão a maioria, mesmo com opiniões tão fixadas, carregam dentro de si uma esperança que nem eles mesmo sabem de onde vem. Como disse Saramago: "Dentro de nós existe uma coisa. Uma coisa que não tem nome. Essa coisa é o que somos."

Ao entender o que Deus queria nos ensinar sobre a paz, me trouxe um compromisso muito maior do que o velho hábito de cultivar um sentimento radicado na idéia nada generosa que alimentamos sobre o "amor ao próximo". Entender que amar significa muito mais que nobres emoções ou o conceito de civilização ideal que fazemos, requer não só atitudes de paz, mas sim ser essa paz. E ser a paz revela em nós o caráter daquele que tudo criou e tudo formou.

Daí encontramos pessoas de todos os tipos e isso não é novidade num carnaval carioca. Pessoas de todas as cores, de todas as danças, de todos os brilhos. De todas as mulheres, de todas as crianças e de todos os sons. Homens de bem e homens que só queriam ver. Ver as luzes, os fogos e os passistas de dentro e fora da avenida. Vimos crianças de colo no colo e no chão. Vimos crianças por todos os lados. Tinha jovens parados por dentro e por fora. Tinha muito riso, muita beleza, muita alegria e muita tristeza - essa escondida porque carnaval não foi feito pra ficar triste, a não ser "triste de felicidade". Tinha bandeiras, batuques e balões. Flocos, folia e dezenas de foliões. E eu vi também a nudez revelada sem pudor e, quimera, com pudor. As ruas do Rio estava repleta de uma solenidade que comemorava a transição temporária de humor. E foi o barulho das gargalhadas e dos choros que moveu a gente. Que levou a gente pra mostrar que a alegria é uma escolha e que pode sim, durar o ano todo. A vida toda.

Levada a pensar na paz que excede todo entendimento gerou em mim um desejo imensurável de querer compartilhar isso com o mundo todo, porque eu não consigo aceitar que o homem insista em culpar Deus pelo que nós nos tornamos. Mas eu consigo acreditar que se eu insistir em fazê-lo desistir, viveremos dias onde o discurso irá se tornar uma breve história contada em papéis, escrita por homens dos tempos da desilusão, que se tornaram fábricas da paz porque conheceram o autor da vida. Assim eu acredito. Assim seja.

"É pela paz que eu não quero seguir admitindo"

Eu sou a paz. A minha paz vos dou...

Paz e bem.
Aline.