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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os novos evangélicos - Revista ÉPOCA

No último dia 9 a revista ÉPOCA trouxe uma matéria de capa falando sobre um movimento de "novos evangélicos" que "critica o consumismo, a corrupção e os dogmas da igreja" e que até mesmo "propõe uma nova reforma protestante". Ciente de que isso causaria uma grande agitação nas redes sociais, e de que chegara a oportunidade da divulgação em massa do que chamamos de Igreja Emergente, não satisfeita com o princípio de reportagem que o site dispunha, comprei a revista. Leia um trecho da Reportagem de Ricardo Alexandre clicando aqui.

Não foi surpresa ver nomes tão conhecidos sendo citados como parte de "um grupo crescente de religiosos que tenta recriar o protestantismo
à brasileira". O artigo começa falando de um médico cirurgião do interior de Rondônia que, sem cargo clérigo, mobiliza 2.500 pessoas no interior da sua cidade, divididas em pequenos grupos e com o apoio de onze supervisores, assim como são chamados. Seguindo com o quadro que apresenta as primeiras comunidades cristãs e como, através de rompimentos, a igreja com a sua mensagem central chegou ao século XXI repleta de fragmentações e sem relevância.

Dentre vários trechos que demarquei, incluindo opiniões de Ricardo Gondim, René Kivitz e Ricardo Agreste, nenhuma me deixou mais curiosa e desconfiada do que a do sociólogo Ricardo Mariano. São muito Ricardos, eu sei. Mas há um fator determinante: o Mariano se confessa um fiel ateu. Ele "ofereceu uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico, afirmando que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares." E disse mais: "Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico [...]. Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel."

A revista diz que a maior parte da movimentação crítica do meio evangélico acontece nas grandes cidades. "Talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão no interior." diz Kivitz, e que "o diálogo livre entre o púlpito e o auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural" Por isso mesmo, Ricardo Mariano, diz a revista, não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. "O destino desses líderes será pescar no aquário, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuarem falando para meia dúzia de pessoas."

Pensando bem, há de se levar em conta que a igreja, por causa da ambição e falta de honestidade, não gerou boas expectativas e nem credibilidade a ponto de transformar a mentalidade de grandes pensadores do nosso tempo. O que acontece, é que esses movimentos estão querendo, não diferente de Lutero no início do século XVI, resgatar a verdade. A Reforma Protestante foi um movimento de retorno a "sã doutrina", que almejou limpar da igreja todas as práticas contrárias à bíblia. Quando isso aconteceu, a igreja católica definiu essa reforma como uma forma de rebelião. Hoje, na verdade, esse embaraço existe entre as comunidades cristãs, ou as que se referem à isso.

Vivemos em meio à um caos quando ligamos a Tv e somos levados a ver pessoas fazendo e dizendo coisas absurdas em nome de Deus. A decadência da igreja, a religiosidade meritória - Você tem o que você merece! -, a simonia e o nepotismo, os impostos eclesiásticos, o purgatório, a invocação dos santos e outros, foram fatores determinantes para que a Reforma acontecesse. Em nossa sociedade existem comunidades que tem práticas e discursos tão dispensáveis, mas que ao mesmo tempo carregam consigo milhares de pessoas. E por qual motivo? Porque vivem num "rincão no interior"? Não! Simplesmente pela razão de que o homem corrompido é materialista e acomodado. Sabemos muito bem da enorme preguiça de pensar que o brasileiro carrega em sua bagagem, mas a diferença, a grande diferença, é que Cristo nos criou com essa capacidade. Não de ter preguiça (Risos), mas a de "transformar o mundo com a renovação do nosso entendimento".

Então, não acho, Srº Ricardo Mariano, que estamos correndo algum risco em querer influenciar o mundo de maneira culta e intelectual como citou. O que vai determinar a quantidade de pessoas que vão romper com os dogmas, sem ferir a constância e sinceridade do evangelho e entender a mensagem da cruz, será a vontade de construir um relacionamento com Deus, sem máscaras, rodeios, fanatismo e mentiras. Porque estou certa de que ainda que eu fale as língua dos homens e que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência...

Ainda que eu tenha toda a fé. Ainda que eu seja uma universitária, ou uma pessoa muito bem informada. Ainda que eu faça parte de qualquer movimento, qualquer manifestação e qualquer reinvenção...

Sem amor, eu vou continuar vagando pelo mundo com um enorme "vácuo existencial" dentro de mim, buscando respostas que homem nenhum será capaz de responder. Pois no final de tudo isso, só nos restará uma coisa: Amar a Deus sobre tudo e o nosso próximo, como a nós mesmos.

Paz e bem.
Aline Moreira.