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domingo, 17 de outubro de 2010

Minha alma revelada

-Leia ouvindo essa música-Hoje eu acordei pensando. Novidade. Está certo que nem sempre há sentido em tudo que passa pela minha cabeça, mas é um exercício divertido. Então pensei: E se pudéssemos revelar a nossa alma? Como um retrato, iterpretado, colorido e em alta definição? Daí colocaríamos numa moldura pra decorar um lugar especial. Eu passaria por esse lugar várias vezes só pra me ver "de fora". Mas acho que revelar a alma é mais do que uma máquina pode fazer. Não se tira cópia da alma, nem se imprime esse turbilhão de vida num espaço de papel plastificado.


Revelar a alma é transparência. É conseguir ver do outro lado sem forçar os olhos. É tradução. É uma exposição do que você é, sem rodeios e meio termos. É como obra de arte pregada em parede pública, que é examinada e censurada ao mesmo tempo. Tem notáveis imperfeições, mas mantém a sua casta. A alma não tem medo de perspectivas. Ela não se envergonha e nem se intimida. A alma não nos inspira a fraqueza. Não é disso que ela é feita. Mas a gente se esquiva disso feito um pássaro de uma nuvem carregada.


Então eu percebo que a arte nunca deixa de ser arte se eu não gostar ou não assinar o caderno do pintor. Se eu não folhear seu portifólio, que importa? O valor é só uma ficção e acho, sinceramente, que para nos assustar. Um artista nunca quer se desfazer da sua criação. Das suas palavras mescladas ou suas cores embutidas numa tela. É o seu enredo. São as suas intrigas e satisfações. É a sua versão de tudo que ouve, vê e toca. São os seus sentidos curiosos e despertos. Manisfestações.


A nossa alma revelada é a sentença mais prudente e de bom grado que podemos ter. É um preço gratuito e sem recompensas, que nunca vai exigir de nós o que deveras somos. A minha alma se revela na minha arte. A minha arte é o meu discurso, a minha oração. E é nela que eu me declaro. Não importa com que arquitetura ou se há feitio. A minha renúncia é voluntária. Eu prefiro proferir ou recitá-la, talvez. Estampar essa alma, às vezes insensível e habituada com o sofrimento, às vezes humana e compassiva. Às vezes resistente e destemida...


Matizo minha vida com um pincel e penduro no pescoço do meu destino. A minha alma é mais forte do que eu. Ela é a minha verdade desembrulhada. Mais livre do que imagino. Mas sua do que suponho. Não precisa assinar. Preze. Considere. Aprecie somente.



Paz e bem.
Aline.

Um comentário:

Reginaldo (Naldo) disse...

Nossa!!!! lir só uma vez e me empouguei. No inicio nada combinava, mas fiquei curioso e lir mais para ver no que ia dar, o interesante é que tudo veio a combinar. acredito que tenho que ler mais um pouco...
Parabens!