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quinta-feira, 4 de março de 2010

Humano do sexo feminino

No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Somente 53 anos depois, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o dia 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU - Organização das Nações Unidas. Durante muito tempo a história foi escrita sob a ótica masculina e pela classe hegemônica, ou seja, a supremacia de um povo sobre outro. A figura da mulher raramente era apresentada pelos historiadores, mas muitas vezes aparecia marginalizada e repleta de privações. Logo, nasce uma questão: Porque, desde o princípio, a mulher é tão desvalorizada?

O Criacionismo nos apresenta Eva. Primeira mulher criada diretamente por Deus das costelas de Adão. Um ideal de perfeição, o apogeu da beleza e a interpretação da razão. Esta, numa tarde florida no Éden, não resiste ao dito fruto proibido e rompe então o nexo, entre a criatura e o criador. Como conseqüência da sua infidelidade, dá-se início a uma era de dores e desencontros. O vácuo se instala na existência. Até o século XVIII isso era naturalmente bem aceito, mas nasce o evolucionismo que afirma a evolução da espécie, ou subsistência por meio da seleção natural. Popularmente falando, nós mulheres, somos resultado de primatas peludos. Primatas não usam sutiã. Na idade da pedra, a mulher serviu para servir em todos os sentidos. Num certo período ela passa a dividir as tarefas com o homem e claro, sua característica reprodutora era uma de suas principais funções. O tempo passa e com ele passamos por diversos períodos na história. Evoluímos, descobrimos e logo ficamos modernos. A mulher conhece o batom, o salto alto e o voto feminino é então, aprovado. Gritamos para a sociedade, portanto estabelecida, que criadas ou vindas de macacos, não éramos inferiores a nada nem a ninguém. Então ela percebe que não é menos capaz que o homem, mas possui a mesma capacidade de aprender e produzir. Durante muitos anos, por ter a sensibilidade confundida com fraqueza, a mulher foi vista pelos homens como objeto para satisfações sexuais e um indivíduo com suas habilidades voltadas apenas para a manutenção de um lar, fazendo com que muitas fossem anestesiadas por este absurdo e assim, aceitando essa imposição preconceituosa, egoísta e cruel. Imposições baseadas em sentimentos de covardia, autoritarismo e na completa falta de percepção do que na verdade, a mulher representa. Aquilo que constitui a sua natureza, o que predomina na sua essência e que ser frágil não dá a ninguém o direito de benefício. É verdade que há total virtude quando esses conceitos são cultivados da maneira correta. O contrário viria resultar em situações extremamente desconfortáveis, que dariam vida a discussões que nunca teriam fim. E foi exatamente isso que aconteceu.

A luta da mulher por estabilidade não é algo que nasceu no berço do capitalismo ou na era moderna. Não é uma fantasia, não é luxo e nem mesmo TPM. É a convicção de que somos seres humanos e merecemos o mesmo respeito que é dado a qualquer um. Diante de diversos movimentos que já foram feitos, para afirmar pro mundo a nossa identidade e a importância que temos em frente às conquistas e ao desenvolvimento de uma sociedade, ainda é possível encontrar, infelizmente, pessoas, inclusive a própria mulher, defraudando os valores que, insistentemente, temos tentado romper com o mundo. Valores fragmentados, humilhantes e completamente desiguais. É muito constrangedor encontrar mulheres que aceitam isso como se fosse um troféu. Fiquei assustada em ver que em pleno século XXI, num mundo totalmente globalizado, hoje chamado de era digital, quando procurei assuntos que tratavam de mulher num site de pesquisas e deparei, na primeira página, com todos os sites voltados para a sexualidade feminina e para toda futilidade que somos obrigadas a carregar nos ombros. Tudo isso porque, por ignorância talvez, o homem ainda não percebeu que nós não somos um brinquedo para a excelência de seus desejos e nem uma máquina procriadora. Tudo que o corpo feminino pode oferecer deve ser respeitado e louvado. Incluindo a nossa capacidade de fazer coisas que estão muito além do que o homem possa imaginar. Que essa verdade ecoe pelos continentes e alcance, por direito, qualquer lugar que haja “calcinhas no box”. Meninas, qual a graça de um reino sem uma rainha? Seja sempre cultivada a essência feminina, mas não seja esquecido que “Sonhar é acordar-se pra dentro.”, palavras de Mário Quintana. Somos humanos, a diferença é que somos do sexo feminino. Parabéns à todas as mulheres, todos os dias!
Por Aline Moreira
em O Redator.

Paz e bem.
Aline.

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