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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O mundo de Sofia - 2011 acontece

Alguns livros já passaram por minhas mãos esse ano. Li poucos. Alguns que comprei ano passado estão em cima da minha cômoda esperando cada um a sua vez. O melhor que li esse ano foi o de Marjane Satrapi, Persépolis. E como já falei dele aqui, o espaço da vez vai para outro.

Já faz um tempo, estou lendo O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Estou adorando o livro, mas às vezes tem me faltado tempo. Não aconselho iniciar uma leitura nos últimos três meses do ano. Com Aline isso não funciona. Ela entra na pilha e corre com todos. Tenho que me contentar com Sofia quando estou dentro do ônibus. Porém se eu levar em conta o trânsito caótico que tem se estabelecido em minha cidade, é bem verdade que consigo ler boas páginas durante a minha ida para o escritório.

Recomendo o livro, mesmo sem ter terminado. Um certo dia, conversava com uma amiga. Disse a ela que estou numa fase onde preciso encontrar respostas para algumas coisas. E que na verdade, eu não queria respostas prontas, mas precisava construí-las. Disse que ler O mundo de Sofia me enchia de novos questionamentos e que talvez, essa fosse a oportunidade de pensar sobre eles. Mais do que isso, esse romance tem me feito entender coisas que nunca antes havia entendido. Cada página torna-se especial a cada dia!

Até que cheguei numa parte que tem me deixado encantada. É quando ela começa a aprender e entender sobre a Idade Média. Abaixo segue um trecho muito legal de um momento onde seu amigo Alberto Knox fala sobre essa fase de nosso tempo. Vale a pena conferir!

"Alberto prosseguiu:


- Por Idade Média entende-se, na verdade, um período que se estende entre duas outras épocas. A expressão Idade Média surgiu no Renascimento. Para o homem renascentista, a Idade Média tinha sido uma única e longa 'noite de mil anos', que cobrira a Europa entre a Antiguidade e o Renascimento.

Ainda hoje empregamos a expressão 'medieval' em sentido pejorativo para nos referir a tudo
que nos parece demasiado rígido e autoritário. Mas também houve os que considerassem a Idade Média um período de 'mil anos de crescimento'. Foi na Idade Média, por exemplo, que se constituiu o sistema escolar. Já nos primórdios da Idade Média surgiram nos conventos as primeiras escolas. No séc. XII, as escolas das catedrais vieram se juntar às dos mosteiros. Por volta de 1200, aproximadamente, começaram a ser fundadas as primeiras universidades. Ainda hoje os estudos das diferentes áreas do saber são divididos em diferentes 'faculdades', exatamente como na Idade Média.

- Mil anos é muito tempo... - Disse Sofia.

- Sim, mas o cristianismo precisava de tempo para atingir todas as camadas da população. Durante a Idade Média surgiram também as diferentes nações, com suas cidades e fortalezas, sua música própria e suas narrativas populares. O que seria dos contos de fadas e das canções populares se não tivesse existido a Idade Média? Sim, o que seria a Europa sem a Idade Média, Sofia? Uma província Romana, quem sabe? O fundo de ressonância de nomes como Noruega, Inglaterra e Alemanha está exatamente nas profundezas insondáveis do que chamamos de Idade Média.

São profundezas habitadas por peixes enormes e luminosos, ainda que não possamos vê-los. *Snorre foi um homem da Idade Média. E também *Olavo, o santo. E Carlos Magno. Isso para não mencionar Romeu e Julieta, os *nibelungos, Branca de Neve ou os trolls das florestas norueguesas. E também para não falar de toda um legião de príncipes imponentes, reis majestosos, cavaleiros valentes e lindas donzelas, vitralistas anônimos e geniais construtores de órgãos. E ainda nem mencionei os frades, os cruzados e as bruxas. [...]

- Quer dizer que aquela época não foi só de trevas e tristezas? - perguntou Sofia e prosseguiu."

Não, Sofia. Nenhuma época é feita só de trevas e tristezas. No fundo de um buraco ou de um poço, acontece de se descobrir as estrelas...


A vida segue. 2011 acontece.

Paz e bem:)
Amoraline

*Snorre: Islandês, historiador, poeta e político (1179-1241).
*Olavo, o santo: Padroeiro da Noruega. Foi rei da mesma de 1015 a 1028. È de origem Viking.
*Nibelungos: Na mitologia Germânica, eram possuidores de um tesouro: O anel Nibelungo. Um ciclo de quatro óperas épicas.


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